sexta-feira, 27 de março de 2009

OLHARES ENTRE CALDEIRAS

Para se olhar entre caldeiras é necessária uma visão mais ampla. uma visão de óculos.
não se sabe ao certo como eles devem ser, nem seu formato, nem seu grau de dioptria, mas quem usa consegue ver por entre as coisas.



por Thaís

sábado, 24 de janeiro de 2009

serenata...

Quando cheguei eu deveria ter uns 7, 8 anos.
Eu estava dentro de um navio.
Não.
Eu estava dentro de um ventre. De minha mãe talvez.
Não. Minha mãe não estava.
Eu tinha 7, 8 anos...
Acho que cheguei no frio. úmido...
Tinha dois irmãos. Não, acho que um era meu marido.
Beijei sua boca e disse – "Eu te amo".
Quem estava no ventre não era eu e sim ele. Meu filho. Filho do meu marido.
Meus irmãos cresceram e eu casei. Casei pequena.
O ventre era quente e úmido
mas eu tenho frio
Nasci agora.
Não.
Dei a Luz. Não, não dei a luz. Ele morreu. Morreu antes que eu pudesse lhe dar um beijo.
A minha respiração nunca foi o que deveria ser...
Voltei.
O navio era frio. Escuro.
Não podia ver. Apenas pegar.
Peguei na mão dele e sorri.
Ele não viu meu sorriso... pensou em lágrimas
Tenho medo de não poder mais ver
Não vejo meus pais.
Atravessei muitas lágrimas...
Estou longe demais.
Longe demais do começo.
Sou um meio sem começo e fim.
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por Thaís

do sem nome...

Dói quando respiro...
Isso sempre vem

A guerra, a guerra e não há guerra de fato.
Espero por algo que não vem?

Quem é você?
uma árvore tentando sobreviver.
Quem é você?
uma jaboticabeira tentando sobreviver.
Quem é você?
ninguém.

À janela à espreita. A janela aberta. Sons dos carros que não existiam, e agora estão aqui.
Uma dor no peito. Uma distância por dentro.

Corro. O barulho das pedras no chão.
perseguição. ferida.
estou ferida. braços, pernas, ventre.
Eu à espreita.

Corro para não existir.
corro para não ser vista.
Aqui todos são vistos.
Vivo na contradição de uma chaminé e um Shopping center.

Que sou eu?

Toco fogo na minha prisão.
A mulher dos trilhos.
frente aos trilhos espero que o trem me arrebate.
Quero ser tacada para o fim do sem fim. Ele existe?

Corro para não existir.
uma mão me arrebata. uma força violenta. vôo.

Eu à espreita olho pelo buraco.
o buraco do meu embaixo.
estou do lado do que se vê.
estou do outro lado do muro.
Alí a guerra é perfeita.
A Guerra.
Eu à guerra.
ou não há guerra de fato. eu na guerra de fato.
aqui eu sou perfeita, mas não me sou.

Quem é você?
eu

um buraco que atravessa o vazio.
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por Thaís

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Pique Nique na Praia (depoimento de Sr. Gilberto)

Eles saiam da fábrica e iam fazer pique nique na praia de Santos, ou então na represa de Guarapiranga.
Quando iam para Santos alugavam um ônibus, e levavam seus lanches, frango, farofa...
Chegando no pico da estrada, onde se via a praia, enchiam suas grandes bolas e boias e se tornava impossível sair do ônibus...
todo mundo ficava ansioso para sair e intalado por uma bola na porta.
Depois do sacrificio para sair, estendiam um toalhão no chão e colocavam toda o comida.
voltavam vermelhoscomo camarões e muitos sujos de areia... alguns nem tomavam banho na chegada de suas casas.
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por Thaís

Ilha dos Amores

Fragmentos do Livro "Formação Histórica de São Paulo", de Richard M. Morse

(...) Os Caramanchões perfumados da Ilha dos Amores tinham que competir com os sapatos velhos, ossos, latas e roupas de cama apodrecidas. (...)


Em 1886, um italiano, Dr Lomonaco, observou a capital da seguinte maneira:

São Paulo não apresenta ainda os aspectos de grande cidade, no sentido exato da palavra. Está sujeita presentemente a um regimen, a uma obra de continuas demolições e transformações, que amelhoram e embelezam de dia pra dia e não pode concluir-se em breve lapso.
Uma cidade nova tende a tomar lugar a outra antiga, e ao mesmo tempo, novos bairros se constroem, obedecendo a melhor planta e melhores canones de que os antigos, dilatando-se-lhe diariamente a periferia... Daí provém contrastes muito acenctuados.
Ao lado dos belos palacetes, em condições de figurar em qualquer grande cidade, ainda se notam os casebre baixos e humildes, as casas de taipa construidas pelos primeiros colonos portugueses. Em confronto com algumas ruas, bem pavimentadas, com numerosos edifícios, outras já se apresentam, apenas delineadas e de edificação esparsa, cobertas de hervas rasteiras, ou de chão de terra, impraticaveis desde que chova.
Tal desequilíbrio de construção e de diferenças de aspectos materiais observa-se tanto na parte velha como a nova. Não há bairro, pode-se dizer, do qual se afirme que tem definitivo aspecto. Assim só dentro de dez ou quinze anos terá São Paulo definitivo facies, conquistando o feitio de grande e bela cidade.


(do livro "Impressões de São Paulo", de Afonso de Taunay)
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por Thaís

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Marco Zero

O mundo para Xavier dividia-se perfeitamente em duas metades: as famílias e o pessoal do Braz. E de Carnaval? O senhor gosta, seu Xavier? Gostei do antigo. O pessoal do Braz tomou conta e estragou tudo. As famílias não podem mais se divertir. Não há respeito.

Marco Zero - A Revolução Melancólica
Oswald de Andrade

Estrada de Ferro São Paulo/Santos

Na época da construção da Estrada de Ferro São Paulo/Santos, muitos brasileiros não acreditavam no trajeto. Como era possível gastar tanto dinheiro nesta estrada inglesa? Com certeza poderima ter feito algo melhor. As pessoas iam conferir se era ferro ou borracha. Mas outros diziam: "de certo há de ter umas 10 pessoasno caixão para virar essas Rodas!"

História de São Paulo

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Corrosivo encontra Quarto Physical Theater

Postar, postar e postar...
ando devendo esta postagem desde nosso encontro com a Quarto Physical Theater / Quarto Teatro Físico / Quarto Fysisk Teater...
O que dizer deste encontro...
Foram tantas divagações... discussões existenciais sobre uma mesa com toalha de (algo que a gente tinha gostado muito, mas eu não me lembro o que é)... lá na casa da Renata...

Qual a condição do artista...

Como poder ser o que se propõe a ser, num país onde a dificuldade financeira grita, e o capital domina.

Foram tantas questões...
*Lembro-me de um de nossos ensaios, o primeiro para Leandro e Ana, onde falamos das *questões personagem/ator... ou personagem vs ator
*
Afinal, que máscara é essa que eu trago e que muitas vezes não parece fazer sentido... ?

Um dia corrosivo e quarto se encontram na sala de um tal eletricista. Resolvemos conversar a partir do corpo. Não falamos... respiramos e fizemos uma partitura de movimentos... uma sequência onde a base era a respiração e a região do ventre... Tão filosófica quanto nossas conversas... tão existencial quanto...
A Renata vencendo seus LimitesBacia... lindo ver a Ana trabalhando ao lado da Renata, e lindo para mim e a Carol que recebemos o olhar do leandro...
UMA HORA A CABEÇA DEU PANE... OU FOI O CORPO. o Meu...

Tudo isso aconteceu na primeira semana de Novembro e agora ficou caótico na minha memória....
quebra cabeças.

Não consigo mais ter certeza de nada... acho isso, acho aquilo

Acho que os olhares entre as caldeiras são esses quebra-cabeças que vamos montando durante o processo... um dia a gente acha uma peça dentro de um experimento e coloca sobre a mesa para tentar encontrar onde ela se encaixa... mas talvez esse encaixe possa variar a cada novo dia...
cada peça surge da relação entre os corrosivos e principalmente das pessoas que passam por nós e nos deixam marcas.

Fragmento-me novamente... e tento mais uma vez...

Ensaio aberto da Quarto
frutas, casacos de pele, saltos, fitas, nu, o macaco, o som, microfone, a maça na boca de quem fala... uma cantora de Blues/Rock?
"Tente ser você" - ela diz pra ele.
"√amos tentar outra coisa" -ela diz novamente.
Deixe essa máscara, seja você.
Ela dança. dança? sim, ela dança
Ele lembra da infância... me remeto ao Retornarse
Ela come suas mexiricaseios
Ele dança nu com a maça na boca
em algum momento ela colocou fita crepe vermelho no chão e falou de macacos...
ele andou entre esta fita e comeu o microfone.
Assim? nessa ordem?
assim nesse momento. agora.
São tantas fotos em minha retina... tantos sons e cheiros que restam... eu poderia narrar um principio meio e fim, mas não é isso... não é isso que quero...

Abraços longos e apertados...
Parece que novamente reencontrei pessoas que fazem nossos olhos brilharem
Meu coração quer saltar pela boca, porque eu realmente estava extremamente a flor da pele. calma... um pé depois do outro... calma... respiro uma felicidade melancólica de ter me reencontrado no encontro com eles... eles corrosivo, eles quarto, eles auto-retrato.

Não vou reler...
vai assim como um fluxo de pensamento
não quero correções,
quero o agora.

Thaís

sábado, 13 de dezembro de 2008

Um Homem cheio de histórias olha na penumbra. existe um ar de calmaria misturado a uma insegura ansiedade. um rastro de luz.
um silêncio.
Uma moça atrás da janela. longe, muito longe.
silêncio.
Ele e ela se encontram e trocam suas memórias.
um de cada vez, selecionam seus objetos/memória. uma menina com seu avô.
Tantas histórias naquelas imagens.
percebo a respiração do silêncio.
Os dois se deitam no chão de barriga para cima e escutamos os cães, e a lua que olha por eles naquela penumbra.


por Thaís

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Uma descrição sobre o trabalho que apresentei ao Corrosivo no dia 20 de novembro.

Parti de dois temas: memória e tempo.

As idéias surgem – com facilidade e dificuldade – e se vão e voltam....
o caminho, neste início, parece vendado por grossas tiras de pano preto...
a instabilidade e a sensação de corda bamba foram/são companheiras minhas no processo de criação.

...

Em um domingo, recebo um telefonema.
É de Oswaldo Righi.
Ele trabalhou nas indústrias matarazzo (mas especificamente onde está a casa das caldeiras hoje) por dois anos, de 1946 a 1948, como office-boy.
Nos conhecemos em setembro por conta das estrevistas que estamos realizando com os ex-trabalhadores das indústrias e, então, seguimos em contato...

Ele me ligou para me passar o telefone de outro senhor, também ex-trabalhador. Pediu para que eu ligasse naquele momento e que retornaria em 10 minutos para saber como foi.

Surgiu-me a idéia de convidá-lo para este trabalho incógnita.

Ele me retornou assim que cravaram os 10 minutos.
Comecei, então, a contar que faríamos uma mostra de trabalhos artísticos, etc, etc, etc, estava sendo bem explicativa e de repente ele me interrompe e pergunta:
- Que horas eu chego?
- Ééé..Ás 18 horas. Tudo bem? (levemente insegura)
- Ah, está bem. Estarei lá.

...

E lá ele esteve comigo...com uma entrega rara.

Fizemos uma cena...ou melhor...estivemos em uma paisagem....

Fusão de tempos.

Não houve palavra.

Das lembranças: um pião, bilhete de bonde, ursinho rosa, estilingue, estojo escolar, foto tirada em estúdio, o caderno de caligrafia, o boneco feijãozinho, papéis, uma bolsinha de ursinho com um olho só e um cd com imagens de uma veia obstruída.

...

















Por: Carolina Bonfim
Um Homem cheio de histórias olha na penumbra. existe um ar de calmaria misturado a uma insegura ansiedade. um rastro de luz. 
um silêncio.
Uma moça atrás da janela. longe, muito longe.
silêncio.
Ele e ela se encontram e trocam suas memórias.
um de cada vez, selecionam seus objetos/memória. uma menina com seu avô.
Tantas histórias naquelas imagens.
percebo a respiração do silêncio.
Os dois se deitam no chão de barriga para cima e escutamos os cães, e a lua que olha por eles naquela penumbra.



por Thaís

Corrosivo no TODODOMINGO


Dia 30 de novembro, no último TODODOMINGO (dia em que a Casa das Caldeiras abre suas portas nas tardes de domingo recebendo o público com espetáculos, performances, exposições, oficinas, ciclos de palestras, pesquisa, documentação artística e cultural e monitoria sobre o patrimônio) o Corrosivo apresentou alguns trabalhos que compõem o processo artístico do Projeto Olhares entre Caldeiras.

domingo, 30 de novembro de 2008

momento corrosivo

Dia 20 de novembro aconteceu entre os membros do CORROSIVO uma apresentação de trabalhos – em processo – que os artistas criaram individualmente ou colaborativamente.


Estiveram presentes neste dia:

dos corrosivos: Alexandre Teles / Carolina Bonfim / Edson Secco / Lucas Jardim / Marcos Gorgatti / Mário Lopes / Renata Ferraz / Thaís de Almeira Prado.


e convidados: Anna af Sillen de Mesquita, Leandro Zappala e o Sr. Oswaldo Righi.

Corrosivo e Quarto

No mês de novembro aconteceu o encontro entre o Corrosivo e os artistas Leandro Zappala e Anna af Sillen de Mesquita da Companhia brasileira-sueca Quarto Physical Theater (www.quartotheater.com).

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

sobre o transitório e a história

Sobre o Transitório -

Desde que iniciamos nossas vidas como estudantes, e até o dia em que finalmente conseguimos concluir nossos estudos fundamentais, a história se apresenta como uma matéria das datas. Um grande dicionário que contêm todos os eventos fundamentais para a compreensão do desenvolvimento da civilização humana, que vai desde os mais remotos tempos do homem primitivo, às conquistas romanas, sem deixar de lado, os grandes líderes da humanidade. Uma linha reta, com algumas indicações importantes para nosso desenvolvimento. O pensamento linear e extremamente mecânico que caracteriza nossa sociedade não poderia estar de fora ao falarmos das ciências humanas. Mais do que uma sucessão de guerras e conquistas, quedas e ascensões de classes dominantes, a história é vida, vida dos que desconhecem os grandes eventos, ou as datas mais marcantes da nossa sociedade. Quando foi a revolução industrial? O fim do período colonial? O surgimento da penicilina?

Aproximar a história do cotidiano, dos aspectos do microcosmo humano, eis a proposta de uma história que compreenda o ser humano enquanto realidade transformadora. Através da psicologia social, e da análise dos microcomportamentos humanos, abre-se uma nova perspectiva para compreensão dos movimentos biopolíticos e econômicos das vidas dos seres humanos. Ao optarmos pela compreensão da sociedade através dos episódios “menores”, ou pouco importantes, abrimos uma estrada que permite mergulhar no oceano desconhecido das crônicas de vida. Daquilo que ocorre na vida de pessoas anônimas, episódios breves da família, ou de uma viajem. Navegar por mares onde não são as datas que fornecem os testemunhos das mudanças profundas, ou superficiais de nossa sociedade ocidental, exige que entremos em contato com a própria fonte da vida social, as pessoas que viveram nela. A transitoriedade da vida e sua passagem fluída, se personificada em cada lembrança viva.

Explorar o tema da memória e sua relação com a elaboração de um projeto, onde a sobreposição da criação artística com a produção científica surge como uma proposta de superação dos limites das ciências humanas, através da interdisciplinaridade, está produzindo novos instrumentos que são desenvolvidos para construírem o projeto de resgate das lembranças de velhos trabalhadores das Indústrias Matarazzo. A importância da memória é materializada nos depoimentos de cada um dos entrevistados, onde a representação do passado surge como um caminho que parte do presente, e nele se alimenta. Sejam palavras que remontem às lembranças mais tenras da juventude, o brincar no parque, ou o uniforme de escola lembrado pelo Sr. Aldo, todas as memórias contém importantes quadros sobre uma época. O constante apontamento de todos os entrevistados sobre um tempo que não volta mais, nas palavras de Sr. Carmelo: ”aquele tempo era muito bom”, não só nos transportam para uma outra época, mas também expressam marcas de um tempo onde a vida possuía outras características sociais e econômicas.

Uma época marcada por transformações profundas na maneira de sentir, de compreender o mundo, surgia no Brasil impulsionado pelos novos avanços industriais. A importância das Indústrias Matarazzo para o fornecimento de um padrão de produtividade e consumo em um país que ainda dava os seus primeiros passos, em direção ao progresso no início do século XX, é inegável. Os entrevistados, até o presente momento do projeto, são todos filhos de um período de grande crescimento industrial, o fim dos anos 50 e início dos anos 60, fase esta em que todos davam seus primeiros passos como trabalhadores do complexo industrial dos Matarazzo. É impossível não reparar em como o tempo da máquina superou o tempo do homem, a vida tornou-se marcada pelo batimento do relógio, e não mais o do coração. Como não pensarmos no profético filme de Fritz Lang, Metrópoles, como a anunciação, e o embrião dos homens máquina mais tarde retratados por Chaplin em seu filme Tempos Modernos. Da ficção literária ao cinema de Hollywood, ecos dos novos tempos de progresso eram anunciados por toda parte. Um novo ritmo de vida, uma nova forma de pensar era materializada em nosso país pelas Indústrias Matarazzo. E mais do que isto, sentida na pele, e incorporada pelos filhos de imigrantes italianos, com o Sr. José Barone, que aqui chegaram aos milhares, em busca de nova sorte.

A memória é para a história seu alicerce, um fluxo incessante de produção de novas possibilidades, de percepção de um período histórico até então somente observado através das grandes façanhas econômicas ou políticas. O tempo vivo da memória fornece a substância que possibilita a construção de novas perspectivas sobre um mesmo tempo, que abre rotas inéditas para entendermos o tempo em que vivemos. Talvez seja este nosso maior dilema, em um mundo onde tudo é tão transitório, como conseguir fluir sem que sejamos capturados pela ditadura do sempre novo. Se tudo que é sólido realmente se desmancha no ar, como Marx disse, cabe ao ser humano tentar valorizar sua história para que não sejamos nós, os responsáveis por nossa própria ruína.


Jardim

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

A história vista por um detetive.

Existem muitas semelhanças entre os olhares que surgem da leitura de um livro de suspense e a vida de um pesquisador, mesmo que por vezes pareçam nebulosas. Sinto que nos últimos tempos fico cada vez mais próximo de Sherlock Holmes, e começo a me sentir em um filme de suspense, daqueles que as pessoas colocam anúncios no jornal do tipo, "procura-se velhinho desaparecido a uma semana, boa recompensa", algo surreal, mas ao mesmo tempo muito pálpavel. é muito impressionante como as peças do quebra-cabeças, vão se encaixando com o tempo de pesquisa e desenvolvimento do projeto, como elos de uma corrente, ou ilhas de um arquipélago perdido no triângulo das bermudas, aos poucos tudo vai se encaixando. O primeiro passo é levantar pistas sobre o determinado caso, que no nosso são, os senhores ex-trabalhadores da indústrias matarazzo, em seguida rastrear as possibilidades de contato, seja por telefone ou por dicas de outras pessoas, tudo muito parecido ao desenvolvimento de uma tese histórica, algo que poderia ser comparado a uma "literatura-científica", e por último o contato, e o satisfação de mais um caso resolvido. No momento, estou na trilha de um Sr. conhecido como Nagib, em breve terei mais informações sobre ele, espero que sim. Por enquanto só um telefone sem respostas, mas a história continua, ela sempre continua.

Lucas Jardim

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Os tempos ao mesmo tempo

Fiz um programa diferente nessa semana.  Fui convidado a participar de um piquenique...  Até ai ok, mas um piquenique atrás de uma caldeira, dentro de uma (ex) usina de energia, ao lado de uma gigantesca chaminé, realmente não acontece todo dia!

Ok, vamos lá!!  Haviam duas menias ali sentadas, conversando. Cheguei, como sempre, meio tímido. Fiquei observando a conversa por um tempo. Me ofereceram bolachas!!  Ah, bacana! 

O papo começou a acontecer. Durante um pequeno período senti uma sensação estranha nas conversas.  Algo não se encaixava... Era esquisito e interessante ao mesmo tempo.  A forma como conversavam uma com a outra, o vocabulário, o cotidiano, o comportamento físico.  Hmm, estranho!  Chegou a terceira moca, aparentemente conhecida de uma das duas que estavam lá.

Pô, claro!!  Um pouco depois percebi o que estava errado.  Eu!!  (pausa dramática)   Aquelas meninas ali não estavam... ali.  Como assim?  Sim, não estavam lá, digo, no mesmo tempo que eu.  Havia uma comunicação direta entre nós, mas era como se elas estivessem num outro ambiente, numa bolha, me vendo do lado de fora mas não fora do lado delas e não vendo nada mais do que eu via. Elas estavam ali, num outro mundo, outro tempo, olhando pela janela um campo de industrias, um céu aberto e pessoas pra la e pra ca numa cidade talvez da década de 20 ou 30, onde eu via apenas os prédios, o transito, as paredes e as marcas claras da cidade mais transitória da américa do sul (com certeza!).

Por alguns minutos eu até pude sentir o cheiro daquilo que nunca senti!  Louco, não? Lembrei claramente de sensações de criança, qndo andava, trabalhava com meu avô. Tudo mais ficou por algum tempo distorcido.  O que elas estão vendo? Como estão vendo? Como falam comigo???

O piquenique subitamente acabou.  As meninas desapareceram!  Será que foi alguma piração minha?    Sei lá... Tudo voltou ao normal, ao seu tempo.   Qual tempo??  Com certeza não ao tempo delas, mas sim ao nosso, o meu e o seu, onde na verdade não há tempo pra nada, nem pra ter tempo!   Vivemos num “tempo” que não suporta o ontem. Nem suporta o hoje. Somente o amanhã.  Tudo é feito pra amanha como se fosse acabar ontem, mas não nos damos conta de fazer hoje o hoje pra que amanha tenhamos o ontem...

Confuso??  Arume um “tempinho” pra refletir a respeito!

;)


Ed

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Mais uma dica transitória


Então, passo para todos um soneto de Carlos Pena Filho, poeta, que trabalhou o tema da transitoriedade. No último encontro conversamos sobre algumas mudanças no script da entrevista e também na direção dele, que tera na sua frente as garotas e em segundo plano YO.Como o cronograma para o término das entrevistas esta apertado, e logo mais elas deverão ser trabalhadas pelo Emílio, esta foi uma decisão que otimizaria nossos resultados. Serão elaborados temas que consigam abarcar mais o ponto de vista artistíco e sensível, porém sem deixar de lado alguns pitacos históricos.Nesta semana iremos colocar até quarta feira, creio que foi esta a data estipulada, algumas sugestões sobre perguntas que encontrem pontos de contato entre o tema escolhido e as possibilidades artísticas. Bom deixo aqui um poema para todos, e valeu Carol pelos textos!Vou pegar o livro que disse, mas se quiserem tentar pegar na net alguma resenha sobre ele, se chama A corrida do século XXI, de Nicolau Sevecenko.Eis, o poema:
                       
                                               "A Solidão e sua porta"

Quando mais nada resistir que valha

A pena de viver e a dor de amar

E quando nada mais interessar

(Nem o torpor do sono que se espalha)

 

Quando pelo desuso da navalha

A barba livremente caminhar

E até Deus em silêncio se afastar

Deixando-te sozinho na batalha

 

A arquitetar na sombra a despedida

Deste mundo que te foi contraditório

Lembra-te que afinal te resta a vida
 

Com tudo que é insolvente e provisório

E de que ainda tens uma saída

Entrar no acaso e amar o transitório.



LUCAS



--
CORROSIVO
http://corrosivo-coletivo.blogspot.com
www.myspace.com/corrosivocoletivo

domingo, 19 de outubro de 2008

de Thaís: proposta de experimentação





Dependendo de onde e como você esteve (sentado, deitado, atrás do muro, da janela, do alto do edifício, dentro de um buraco, invisível ou na chaminé) a olhada foi uma e única (não nos responsabilizamos)


o piquenique aconteceu em 1929 próximo ao Rio Tietê / Em 2008 aconteceu em um heliporto (também conhecido como campo de golfe e/ou estacionamento de helicópteros)

Estiveram presentes duas garotas amigas.

na bela cesta:
comida farta: frango assado, carneiro assado e polenta suculenta (preparados pela mãe) / comida rápida: pipoca de microondas, mini-cenouras lavadas prontas para consumir e, para acompanhar, algumas bananas (adquiridos no supermercado do novo shopping center, localizado na esquina)

há pássaros.
há ruídos.

estávamos sendo vigiadas.


foi um dia atípico para um piquenique: não fez sol e a garoa era incessante.

domingo, 12 de outubro de 2008

Iniciamos em setembro o trabalho prático do projeto olhares entre caldeiras


das histórias dos livros
das histórias ouvidas
das inventadas

as personagens surgem como colagens (me lembra aqueles trabalhos de escola, onde procurávamos em revistas e fazíamos montagens - um tanto quanto bizarras e divertidas)...aqui, até este momento, elas aparecem de maneira sutil: o olhar é de uma tia de segundo grau com a voz do avô envolvida pela a respiração de uma mulher que foi observada hoje no ônibus acompanhada pelos gestos que são meus e se parecem com os da minha mãe.

alguns personagens que já estiveram conosco:
Sr. Florindo
Marcelo e sua luneta
Dona Guiomar, a parteira
2 Desconhecidos
Moça jovem
Clarice (que ainda não entrou em cena)


todos se encontram em um piquenique....

um piquenique com flores de plásticos, grama sintética e comida pré-fabricada, no qual se vai e se faz sozinho?
um piquenique com mais de 50 pessoas, com frango, polenta e carneiro assado?

eles até podem ocorrer simultaneamente....

detalhe importante: em ambos se pode escutar um som agudo de um apito-sirene....
(de uma fábrica? ambulância? bombeiro? bomba? escola?)

é então que o piquenique acaba.



carolina bonfim

SOBRE A TRANSITORIEDADE (Vergänglichkeit)

SOBRE A TRANSITORIEDADE

Sigmund Freud

Não faz muito tempo empreendi, num dia de verão, uma caminhada através de campos sorridentes na companhia de um amigo taciturno e de um poeta jovem mas já famoso. O poeta admirava a beleza do cenário à nossa volta, mas não extraía disso qualquer alegria. Perturbava-o o pensamento de que toda aquela beleza estava fadada à extinção, de que desapareceria quando sobreviesse o inverno, como toda a beleza humana e toda a beleza e esplendor que os homens criaram ou poderão criar. Tudo aquilo que, em outra circunstância, ele teria amado e admirado, pareceu-lhe despojado de seu valor por estar fadado à transitoriedade.

A propensão de tudo que é belo e perfeito à decadência, pode, como sabemos, dar margem a dois impulsos diferentes na mente. Um leva ao penoso desalento sentido pelo jovem poeta, ao passo que o outro conduz à rebelião contra o fato consumado. Não! É impossível que toda essa beleza da Natureza e da Arte, do mundo de nossas sensações e do mundo externo, realmente venha a se desfazer em nada. Seria por demais insensato, por demais pretensioso acreditar nisso. De uma maneira ou de outra essa beleza deve ser capaz de persistir e de escapar a todos os poderes de destruição.

Mas essa exigência de imortalidade, por ser tão obviamente um produto dos nossos desejos, não pode reivindicar seu direito à realidade; o que é penoso pode, não obstante, ser verdadeiro. Não vi como discutir a transitoriedade de todas as coisas, nem pude insistir numa exceção em favor do que é belo e perfeito. Não deixei, porém, de discutir o ponto de vista pessimista do poeta de que a transitoriedade do que é belo implica uma perda de seu valor.

Pelo contrário, implica um aumento! O valor da transitoriedade é o valor da escassez no tempo. A limitação da possibilidade de uma fruição eleva o valor dessa fruição. Era incompreensível, declarei, que o pensamento sobre a transitoriedade da beleza interferisse na alegria que dela derivamos. Quanto à beleza da Natureza, cada vez que é destruída pelo inverno, retorna no ano seguinte, do modo que, em relação à duração de nossas vidas, ela pode de fato ser considerada eterna. A beleza da forma e da face humana desaparece para sempre no decorrer de nossas próprias vidas; sua evanescência, porém, apenas lhes empresta renovado encanto. Um flor que dura apenas uma noite nem por isso nos parece menos bela. Tampouco posso compreender melhor por que a beleza e a perfeição de uma obra de arte ou de uma realização intelectual deveriam perder seu valor devido à sua limitação temporal. Realmente, talvez chegue o dia em que os quadros e estátuas que hoje admiramos venham a ficar reduzidos a pó, ou que nos possa suceder uma raça de homens que venha a não mais compreender as obras de nossos poetas e pensadores, ou talvez até mesmo sobrevenha uma era geológica na qual cesse toda vida animada sobre a Terra; visto, contudo, que o valor de toda essa beleza e perfeição é determinado somente por sua significação para nossa própria vida emocional, não precisa sobreviver a nós, independendo, portanto, da duração absoluta.

Essas considerações me pareceram incontestáveis, mas observei que não causara impressão quer no poeta quer em meu amigo. Meu fracasso levou-me a inferir que algum fator emocional poderoso se achava em ação, perturbando-lhes o discernimento, e acreditei, depois, ter descoberto o que era. O que lhes estragou a fruição da beleza deve ter sido uma revolta em suas mentes contra o luto. A idéia de que toda essa beleza era transitória comunicou a esses dois espíritos sensíveis uma antecipação de luto pela morte dessa mesma beleza; e, como a mente instintivamente recua de algo que é penoso, sentiram que em sua fruição de beleza interferiam pensamentos sobre sua transitoriedade.

O luto pela perda de algo que amamos ou admiramos se afigura tão natural ao leigo, que ele o considera evidente por si mesmo. Para os psicólogos, porém, o luto constitui um grande enigma, um daqueles fenômenos que por si sós não podem ser explicados, mas a partir dos quais podem ser rastreadas outras obscuridades. Possuímos, segundo parece, certa dose de capacidade para o amor — que denominamos de libido — que nas etapas iniciais do desenvolvimento é dirigido no sentido de nosso próprio ego. Depois, embora ainda numa época muito inicial, essa libido é desviada do ego para objetos, que são assim, num certo sentido, levados para nosso ego. Se os objetos forem destruídos ou se ficarem perdidos para nós, nossa capacidade para o amor (nossa libido) será mais uma vez liberada e poderá então ou substituí-los por outros objetos ou retornar temporariamente ao ego. Mas permanece um mistério para nós o motivo pelo qual esse desligamento da libido de seus objetos deve constituir um processo tão penoso, até agora não fomos capazes de formular qualquer hipótese para explicá-lo. Vemos apenas que a libido se apega a seus objetos e não renuncia àqueles que se perderam, mesmo quando um substituto se acha bem à mão. Assim é o luto.

Minha palestra com o poeta ocorreu no verão antes da guerra. Um ano depois, irrompeu o conflito que lhe subtraiu o mundo de suas belezas. Não só destruiu a beleza dos campos que atravessava e as obras de arte que encontrava em seu caminho, como também destroçou nosso orgulho pelas realizações de nossa civilização, nossa admiração por numerosos filósofos e artistas, e nossas esperanças quanto a um triunfo final sobre as divergências entre as nações e as raças. Maculou a elevada imparcialidade da nossa ciência, revelou nossos instintos em toda a sua nudez e soltou de dentro de nós os maus espíritos que julgávamos terem sido domados para sempre, por séculos de ininterrupta educação pelas mais nobres mentes. Amesquinhou mais uma vez nosso país e tornou o resto do mundo bastante remoto. Roubou-nos do muito que amáramos e mostrou-nos quão efêmeras eram inúmeras coisas que consideráramos imutáveis.

Não pode surpreender-nos o fato de que nossa libido, assim privada de tantos dos seus objetos, se tenha apegado com intensidade ainda maior ao que nos sobrou, que o amor pela nossa pátria, nossa afeição pelos que se acham mais próximos de nós e nosso orgulho pelo que nos é comum, subitamente se tenham tornado mais vigorosos. Contudo, será que aqueles outros bens, que agora perdemos, realmente deixaram de ter qualquer valor para nós por se revelarem tão perecíveis e tão sem resistência? Isso parece ser o caso de muitos de nós; só que, na minha opinião, mais uma vez, erradamente. Creio que aqueles que pensam assim, de e parecem prontos a aceitar uma renúncia permanente porque o que era precioso revelou não ser duradouro, encontram-se simplesmente num estado de luto pelo que se perdeu. O luto, como sabemos, por mais doloroso que possa ser, chega a um fim espontâneo. Quando renunciou a tudo que foi perdido, então consumiu-se a si próprio, e nossa libido fica mais uma vez livre (enquanto ainda formos jovens e ativos) para substituir os objetos perdidos por novos igualmente, ou ainda mais, preciosos. É de esperar que isso também seja verdade em relação às perdas causadas pela presente guerra. Quando o luto tiver terminado, verificar-se-á que o alto conceito em que tínhamos as riquezas da civilização nada perdeu com a descoberta de sua fragilidade. Reconstruiremos tudo o que a guerra destruiu, e talvez em terreno mais firme e de forma mais duradoura do que antes.

Este ensaio foi escrito em novembro de 1915, a convite da Berliner Goetherbund (Sociedade Goethe de Berlim) para um volume comemorativo lançado no ano seguinte sob o título de Das Land Goethes (O País de Goethe). O ensaio abrange um enunciado da teoria do luto contido em 'Luto e Melancolia' (1971e), que Freud escrevera alguns meses antes, mas que só foi publicado dois anos depois.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

piquenique


elas foram viajar com o sr. Aldo. não! foi com o sr. Carmelo.. ou teria sido com o sr. Abílio, ou com o sr.... não lembro mais.. mais foram de trem pra itanhaém com um passe que dura quinze dias.


exploração de um antigo espaço... atrizes e artistas plásticos... olhares de crianças...um buraco na parede e uma cidade que se mostra... olhando pela fechadura não vemos o privado... mas o espaço público explode em meio a correria de São Paulo.

























Era para eu postar, mas eu ando meio bloqueada com a internet...

Bom, começamos com um proto-energético... acho que ele influenciou de uma certa maneira as nossas relações com o espaço.
Os nossos olhares. eu estava ansiosa para escrever, pois observar é o que eu mais faço ultimamente... aliás é o que eu mais sempre fiz. Queria escrever pra parar de observar... mas mesmo assim a observação ao espaço foi boa... acabei transformando a ansiedade em música, fala, dança. Depois consegui escrever baseada nos elementos que ali vivi.
"Perseguição... pedrinhas... pessoas que corriam a minha volta. Por que correm? será que fogem também? a casa é quentinha e tem as luzes acesas. quem mora lá? queria poder passar do outro lado do muro, mas sei que se eu passar eles vão me pegar. Aqui está tudo corroido pelo tempo. acho que eu também me deixei corroer."
Alguma coisa de semelhante entre todos ali naquele espaço. -o que me fez parar de correr? a competição talvez, disse o Alê. gostei tanto desta outra frase do Alê: "eu queria que uma Pedra me achasse e não que eu achasse uma". - o marcos andava de costas, pra não ir de frente contra o vento. andava de costas e confiava em si, como se soubesse pra onde ia sem ter que olhar pra frente. Andar pra frente olhando pra trás. A Carol destacou as epidemias no início do séc. XX, pois havia lido um livro sobre isso e neste momento se depara com um rato vagando pela casa das caldeiras...
E uma pergunta: o que a Re fazia enquanto a gente vagava naqueles 40 minutos gelados e cheios de informação? Pesquisar entre 1880 até 1932... bisavós... quem foram e onde estiveram...
Acho que é isso... té sexta Thaís

Materiais Cênicos

Ontem demos início às investigações cênicas.
Estavam presentes: Alê Teles, Carolina, Thaís, Marcos e eu.
Eu, sem poder levantar da cadeira, fui observadora atenta de cada gesto, descoberta e palavra dos companheiros de corroção...
A função de provocadora tem sido instigante e desafiadora. Meu lado atriz precisa se acalmar e dar espaço para aquilo que eu talvez sempre tenha sido... e por isso tantas brigas com os diretores que já fizeram parte do meu caminho?
Memórias da Casa das Caldeiras, das discussões intensas dos dois primeiros meses de residência... entrar em contato com a história da nossa cidade... e talvez, quem sabe, fazer as pazes com ela. Lembrar e vasculhar a nossa própria história...
O que era mesmo que as pessoas conversavam na hora da sesta?
"Que muro grande é esse, pai?"
correr...olhar pelo buraco do muro... descobrir o mundo... nomear coisas... criar...criança.
Sexta tem mais...
Renata

Processo Criativo


Na ordem do dia...



Mais interessante ainda é imaginar as conversas dos usuários dos anos 80 e 90...

testemunha - processo

É impossível olhar para a Casa das Caldeiras e ignorar suas paredes. Repletas de tijolos alguns desgastados pelo tempo e outros restaurados pelo novo momento. Todos cheios de memórias e histórias para contar, testemunharam conversas desde “o filho que virá”, “a traição da amada”, “o passeio do fim de semana”, “o salário muito baixo”, “a casa alugada”, “a casa reformada”, “o sapato muito apertado”, “o supervisor injusto”, “o alcagüete”, “o churrasco da semana que vem”, “a morte do colega”, “o acidente de ontem”, “o bonde quebrado”, “a sirene do almoço” e outras tantas.
Estou enganado. Por ali só passava fumaça.
Alexandre Teles

Tempo Forte

No contexto do Programa de Residência Artística OBRAS EM CONSTRUÇÃO, a Casa das Caldeiras apresentou de 01 a 05 de setembro de 2008 os projetos em desenvolvimento dos artistas e pesquisadores residentes.
O Programa valoriza o processo do artista no curso do desenvolvimento de sua obra com o local, tendo como desafio, a dialética entre Arte, Território e Patrimônio que a Casa das Caldeiras peculiarmente propicia.
O Programa consiste em viabilizar espaços de Residência propondo acompanhamento logístico, administrativo e de estruturação do projeto, fomentando um contexto de troca de conhecimentos, métodos e impressões entre seus residentes.

Residência Artística: Casa das Caldeiras

Projeto: Olhares entre Caldeiras
O projeto propõe a criação de uma Instalação Cênica a partir da pesquisa e a reflexão de um espaço vivo como a Casa das Caldeiras, que abriga histórias, memórias e re-significa sua funcionalidade na cidade de São Paulo.
Pretende-se criar uma nova relação com este espaço e interagir com seus componentes históricos, arquitetônicos, humanos, com sua paisagem, clima e demais elementos que o caracterizam.
A realização da Instalação Cênica pressupõe a interferência direta do público não só durante a construção da obra como também em cada dia das apresentações.
Nossa intenção não é recriar a realidade, mas intervir nela. Qual é a relação que as pessoas estabelecem ao passar por um mesmo lugar diariamente? O que pensam e sentem as pessoas sobre as suas memórias, histórias, desejos? E as pessoas que conhecem esse mesmo espaço por dentro? O que nos remete um espaço? Que histórias eu posso criar a partir de um lugar?